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A Sociedade da época de Jesus
Jesus viveu numa sociedade. A sociedade é a forma como o povo se organiza e vive seus destinos. Na sociedade do tempo de Jesus havia grupos políticos e religiosos; havia o rei, o imperador, o sumo sacerdote, os sacerdotes, a legião de soldados romanos, grupos guerrilheiros (hoje diríamos “terroristas”); havia trabalhadores nas mais diversas áreas da vida humana: servidores públicos, agricultores, pedreiros, carpinteiros, comerciantes; havia mercenários, doutores, juízes, advogados, religiosos; havia também a família, o rico e o pobre, o doente, o leproso, a prostituta, o mendigo, as viúvas, as mulheres e crianças e os pecadores.
Na sociedade de Jesus também se pagavam impostos: Os agricultores deveriam pagar 25% da colheita como impostos para o templo em Jerusalém; havia taxas de circulação de mercadorias; havia impostos para o sustento das tropas de soldados romanos; havia o pagamento de 75% do imposto de renda anual, etc. O povo era muito sacrificado.
E mais, todos esses grupos e organização social está nos textos bíblicos. Lá encontramos diversos grupos políticos e religiosos: o rei judeu Herodes e seu partido dos herodianos (cf. Mc 1,14-16; 12,13s), o imperador romano (cf. Lc 3,1-2; Mc 1,14-16); os soldados romanos (cf. Mc 15,16; Mt 8,5); os religiosos fariseus e a elite dos saduceus, escribas e doutores da lei (cf. Mt 22,23; Mc 11,27; 12,38-40); o conselho dos 71 anciãos ou o Sinédrio (cf. Mc 15,1s).
Também encontramos gente do povo. O povo mesmo com suas mais variadas situações: o doente comum, os doentes possessos, os leprosos, os surdos, gagos e mudos (cf. Mc 1,32-34; 7, 32-35); os estrangeiros (cf. Mt 15, 21-22s; Mc 7,24-30); os publicanos e pecadores (cf. Mc 2,13-16; Lc 15,1-2); o coletor de impostos (cf. Mt 17,24); e os pescadores (cf. Mc 1,16). Toda essa gente e classe sociais tinha como referência em suas vidas a Lei e o Templo (cf. Lc 2,22-27); o Sábado (cf. Mc 2,23-24; 6,1-12) e suas festas anuais da Páscoa (cf. Mc 14, 12s; Jo 11, 55-57), de Pentecostes e das Tendas (cf. Jo 7,37). Além do templo, seu ponto de encontro semanal era a Sinagoga (cf. Mc 1,21; 5,22) nas cidades e aldeias. Aí prestam culto a Deus, leem as Escrituras, alfabetizam os filhos, partilham as notícias da vida diária da região. A Sinagoga é um ponto de encontro e de partilha da fé e vida.
O que mais impressiona na sociedade e no tempo em que Jesus viveu é que, por causa da religião como era entendida, vivida e ensinada sobretudo pelo grupo dos fariseus, doutores da lei e saduceus, o povo era marginalizado e condicionado a se sentir, enquanto povo de Deus, pecador. Pecador por não cumprir a Lei tintim por tintim ao pé da letra; pecador por praticar “atos ou ter uma vida impura” que basicamente era ter profissões consideradas “impuras” sobretudo se essa obrigava a manter relações interpessoais e comerciais com estrangeiros, ou lhe dar com “coisas impuras” conforme descrita nos livros da lei.
Daí entender, por exemplo, que certas doenças eram consideradas como castigos divinos; possessões do demônio (epilepsia, por exemplo), etc. O povo vivia psicologicamente refém de seus próprios medos, preconceitos e baixa estima, e isso refletia na sua relação com Deus, refletia na sua fé.
Mas também é verdade que o povo era um povo festeiro, alegre, celebrativo, essencialmente religioso. Mesmo escravo dos romanos mantinham a esperança de que, como no passado, Deus iria o libertar.
Deus mandaria seu Messias (o Ungido) para salvar e libertar o povo. Era o que dizia as profecias nas Escrituras, e era o que todos esperavam naquele momento. E muitos candidatos apareceram…, mas, não foram muito longe, terminaram morrendo pela cruz ou espada romana, quando não era morto a pedradas.
Diante de tantas expectativas e ideias sobre esse Messias, Jesus aparece com uma proposta inovadora. Mas, antes dele, veio João, João Batista
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João Batista
O povo de Israel é um povo de profetas. Profetas foram homens e mulheres que durante o período do reinado no Antigo Testamento Deus suscitou para orientar o povo, denunciar as injustiças, dar esperanças, mostrar a misericórdia de Deus sobre o povo e anunciar as promessas de salvação.
Depois no período grego-romano os profetas desapareceram restando a esperança de que um dia apareceria um que preanunciasse o Messias que salvaria Israel da escravidão. Segundo uma antiga tradição, esse último profeta seria como o profeta Elias. Elias foi um profeta que lutou pela fé pura de Israel no Norte contra todas as injustiças e idolatria que ameaçava a fé em Deus Javé.
Pois bem, no tempo de Jesus, um pouco antes, todos concordavam que a profecia estava para ser cumprida a qualquer momento. Deus estava enviando seu profeta e seu messias. E esse foi identificado na pessoa de João Batista. O profeta derradeiro era o próprio João Batista. Ele preparou o povo para acolher Jesus e o Julgamento de Deus.
Quem era João e como vivia? O que pregava? Porque Jesus se identificou com sua pregação?
Segundo o evangelista Lucas, João era filho do sacerdote Zacarias com Isabel, parenta de Maria mãe de Jesus (cf. Lc 1,5-6). Ele foi concebido sob circunstâncias miraculosas uma vez que seus pais eram idosos e estéril (cf. Lc 1,7-25.57-66).
Mas, o mais interessante é que, no deserto João faz uma experiência profunda de Deus: é chamado para ser profeta (cf. Lc 3,2-3). E de lá sai pregando pela região junto as fontes de Enon perto de Salim (cf. Jo 3,23) nas proximidades do Rio Jordão no sul de Judá, (cf. Mt 3,1; Lc 3,3). E todo povo vinha a João para o escutar e se batizar por ele como gesto de acolhida do novo que estava por vir.
Como vimos nos textos lidos acima, João come e se veste como um profeta rustico e com extrema coragem assume a pregação ensinando ao povo uma nova forma de se comportar e viver, bem como, também denuncia os poderosos da época, como soldados, dirigentes religiosos e o próprio rei dos judeus.
Sua mensagem é forte: “Convertei-vos que o reino de Deus está próximo” (cf. Mt 3,2). A conversão era basicamente se batizar e viver uma vida ética com base na justiça e na integridade para com Deus e o próximo. Com isso João anunciava não só a vinda de Deus e seu reino, mas também seu julgamento sobre todo Israel se esse não demostrasse frutos de conversão.
E o anúncio de João também era sinônimo de denúncia. Dessa forma ele denunciou o rei Herodes em seus pecados dos quais obstinado, não se converteu (cf. Lc 3, 19-20; Mc 6,17-28). Isso causou a morte do profeta, que na hora da morte procurou saber se Jesus era a Justiça de Deus e portador do Reino (cf. Mt 11,2-6). Ele acreditava que sim e uma afirmativa da parte de Jesus lhe servia como prêmio de consolação diante da sua morte iminente. E Jesus o confirmou de modo contundente.
E Jesus? Jesus se deixou batizar por João (cf. Mc 1,9) porque acreditava nele e no que ele pregava sobre a vinda do Reino. Jesus por um curto período foi discípulo ouvinte de João Batista, mas discordava dele quanto a maneira de entender o “julgamento” de Deus.
Para Jesus, o julgamento de Deus era a Misericórdia sobretudo para os pecadores, pobres e excluídos. Para aqueles que a religião excluía da relação com Deus. Mas isso é outra história que refletiremos depois.
O fato é que, João Batista foi o profeta esperando (cf. Mt 17,9-13) antes do Messias (Ungido) chegar e atuar. João era o novo Elias (cf. Mt 11,13-14) e foi o precursor de Jesus (cf. Lc 1,76-77s). E Jesus reconhece e o elogia por isso (cf. Mt 11,7-15).
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Pregação de Jesus
Jesus prega ao povo, lhe tem algo a dizer.
Como vimos nos textos acima, ele depois de ter recebido o batismo de João, ter escutado o profeta, ter se preparado para a missão, com a força do Espírito começou a pregar ao povo. E sua pregação é simples: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”.
Chegou o tempo! O tempo que todos esperavam, o tempo de que falava as profecias, o “tempo da presença de Deus agindo” (kairós); e esse tempo era agora, já, com Jesus agindo. Mas as autoridades, os seus contemporâneos não viram em Jesus esse tempo, essa presença de Deus agindo (cf. Mt 16,1-4; Lc 20,1-8). Não se arrependeram, não acreditaram na Boa Notícia (Evangelho) da qual Jesus era portador. Só alguns poucos acreditaram em Jesus e o tinha como “um profeta” que apareceu com poder de curar, expulsar demônios, de fazer o bem tão somente (cf. Lc 7,16s; Mc 1,27-28s). E Jesus os conhecia e conhecia seus pensamentos (cf. Jo 2,23-25) e se admirou da incredulidade deles (cf. Mt 8,10; Jo 6,28-30.67-69).
Mas poderíamos nos perguntar: porque não acreditaram em Jesus e em todos aqueles sinais? Uma resposta possível seria: é porque estavam seguros demais de si mesmos e de seu sistema religioso, pensando que Deus teria obrigação de os salvar tal qual exigiam e pensavam. Por isso mesmo não reconheceram em Jesus a ação de Deus. Porque Deus é livre e como tal age a seu modo, de seu jeito. E isso era demais para os religiosos e líderes do povo compreender. Estavam cegos pela sua própria idolatria de Deus. Eram cegos guiando cegos (cf. Mt 15,14)
Mas, houve muitos que acreditaram nele. Gente do povo, gente sofrida, pobres, excluídos, gente que foi curada. Para essa gente de toda a redondeza ele pregou, ensinou, curou (cf. Mt 4,23-25). E ele os convidava todos (cf. Mt 11,28-30).
Também chamou homens e mulheres para estar com ele, para ser seus discípulos, para que levassem adiante sua mensagem de salvação (cf. Jo 6, 67-69; Mc 3,13-14).
A pregação de Jesus era simples, mas carregada de sentido. Trazia para o povo uma grande expectativa: Deus está julgando Israel. E esse julgamento era feito de misericórdia. Aceitar a pregação de Jesus e se converter à essa mensagem de salvação e julgamento era aceitar Jesus e viver um novo estilo de vida a partir de seus ensinamentos. Era salvação. Entrar na escola de Jesus era salvação. O contrário disso era julgamento de si mesmo. Mas muitos de seus contemporâneos não compreenderam assim. Para muitos ele era apenas mais um profeta que poderia pôr a vida da nação em perigo diante dos romanos (cf. Mt 26,59-68; 27,25; Lc 23, 2s; Jo 18,12-14) e por isso passivo de morte.
Entretanto, Jesus lançou a semente com sua pregação. Lutou contra todos os que queria impedir a Palavra de agir nos corações; que queria impedir a palavra de criar um tempo novo; o tempo de Deus passando no meio do povo. Sua pregação fez a semente germinar (cf. Mc 4,20)
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Os discípulos e discípulas de Jesus
Jesus prega o reino de Deus no meio do povo.
Isso é evangelho – boa notícia. Deus derramando sua misericórdia na vida do povo. Ele chama todo povo à conversão – que é novo estilo de vida. Ele não faz isso sozinho. Organiza um grupo e chama para si, para aprender com ele, e depois, os envia para o meio do povo – discípulos e discípulas, dos quais doze é o núcleo de sua comunidade iniciante.
E qual a missão dos discípulos e discípulas? Qual a missão dos doze?
Para cada um houve um chamado, uma escolha. Pelo que você viu nos textos acima todos foram chamados “para estar” com o mestre, para depois “serem enviados”. E na escola de Jesus eles aprenderam o essencial: acolher os pobres marginalizados, doentes, excluídos, possessos, e sedentos de Deus. Aprenderam a dar e a alimentar a esperança dos que buscam a face misericordiosa de Deus (cf. Mt 10, 5-16). Também aprenderam a denunciar as injustiças e a perdoar o pecador arrependido (cf. Jo 20, 21-23). E mais, aprenderam depois com a presença do Espírito em suas vidas, que Jesus era a presença julgadora e misericordiosa de Deus no meio do povo (cf. Lc 1, 78). Eis, a missão dos discípulos e discípulas, a missão dos doze.
Nos textos, você pode ver a história do chamado e os desafios que os enviados tiveram que enfrentar. Foi um laboratório, uma prova para o que mais tarde estava por vir. E uma das coisas que os enviados tiveram que passar foi pôr toda a sua confiança e fé no Senhor.
E os discípulos tiveram dúvidas? Sim, tiveram (cf. Jo 6,59-64); e os doze apesar de não compreender claramente, ainda assim acreditaram com toda sua vida (cf. Jo 6,67-71); como também na hora do perigo abandonaram o mestre (cf. Mc 14,50); mas, que perceberam o quanto ele era especial e voltaram a se reencontrar com ele (cf. Mt 28, 10.16-17s) estando dispostos a receber o Espírito e dar suas vidas por Jesus e por sua causa, o Reino (cf. Atos 1,6-9.12-14).
E quem são os Doze? Segundo Mateus 10, 2-4, são eles: Simão Pedro; André seu irmão; os irmãos Tiago e João; Filipe; Bartolomeu (Natanael); Tomé; Mateus ou Levi; Tiago; Judas Tadeu; Simão o zelota, Judas Iscariotes (depois substituído por Matias. Cf. Atos 1,23-26).
Também, encontramos nos textos bíblicos as discípulas do Senhor, que o servia com seus bens e muitas vezes o acompanharam pelos caminhos, povoados e cidades (cf. Mc 15, 41; Lc 23, 49). Eis alguns nomes: Maria Madalena; Joana mulher de Cuza; Susana; Maria mãe de Tiago e José; uma outra Maria (cf. Lc 8,1-3; Mt 27,55-56), etc.
Com bem poucas exceções todos os discípulos e discípulas do Senhor foram mártires, morreram dando sua vida por causa do Evangelho e de Jesus. Segundo uma antiga tradição, João apóstolo e evangelista que escreveu o livro do evangelho que leva seu nome e o livro do Apocalipse, morreu em idade avançada. E a crença comum é que foi porque cuidou da mãe do Senhor até a sua dormição e elevação na glória.
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Os ensinamentos de Jesus
Jesus andou no meio do povo fazendo o bem.
Curou a muitos, perdoou pecados, mostrou a misericórdia de Deus. Mas também Jesus ensinou ao povo. Os evangelhos estão cheios dos ensinamentos de Jesus.
O que Jesus ensinou? Como ensinava?
Jesus ensinava por meio de parábolas (cf. Mt 13, 34-35; Mc 4,33-34) e muitas delas, ele deu explicações somente aos discípulos. E a razão é muito simples: por que eles aderiram a Jesus. Só quem aceitou a Jesus no seu jeito de ser, mudou de vida, compreendeu sua doutrina.
E os ensinamentos de Jesus vai desde o Reino de Deus explicando o que ele é; onde está; o que se faz para entrar nele e quem pode entrar nele (cf. Mt 13; 19,23-26) até o jeito de cada um ser e se comportar.
Assim Jesus ensina sobre o grande mandamento do amor ao próximo como condição de entrar no reino [do céu] (cf. Lc 10, 25-28).
Ensina sobre o que é puro e impuro (cf. Mt 15, 10-20); sobre o tipo de pessoas que recebe a Palavra e o que acontece sobre cada uma delas (cf. Mt 13, 4-9); ensina sobre corrigir, amar e perdoar sempre (cf. Mt 18, 15- 17.21-22); ensina sobre a oração (cf. Mt 6,5-15); ensina sobre a felicidade (bem-aventurados, felizes) para pessoas em situações de risco (cf. Mt 5,1-12); ensina sobre o Espírito Santo (cf. Lc 11,13; Jo 14, 14-17; Lc 12,10); ensina sobre os primeiros lugares e de como ser valorizado (cf. Lc 14,7-11); ensina sobre como Deus é misericordioso (cf. Lc 15, 11-32) e acolhe o pecador arrependido; ensina sobre como deve ser o discípulo no uso do poder fazendo-se servo de todos ao contrário dos ricos e poderosos deste mundo (cf. Mt 20, 24-28); ensina como reconhecer um falso profeta, um falso religioso, um falso discípulo que fala em seu nome (cf. Mt 7, 15-20); ensina como reconhece-lo nos pobres, doentes, marginalizados, excluídos e desprezados (cf. Mt 25,31-46); ensina a confiar em Deus, o Pai (cf. Mt 6,25-34; 7, 7-11).
Entre muitos outros ensinamentos de Jesus há um que define a moral e conduta de todo e qualquer discípulo, depois do amor e do serviço. É a regra de ouro: “Tudo o que você quer que se faça para você, faça você mesmo ao outro” (cf. Mt 7,12).
E tem mais, poderíamos lembrar aqui de grandes outros ensinamentos: o Pão da vida (cf. Jo 6); as Bem-aventuranças (cf. Mt 5,1-13); sobre o Casamento e a consagração ao Reino (cf. Mt 19,1-12); sobre o Julgamento escatológico (cf. Mt 25,31-46); A Misericórdia do Pai (cf. Lc 15); o novo Nascimento (cf. Jo 3); o bom Pastor (cf. Jo 10); sobre a Videira (cf. Jo 15), etc.
Em todos esses ensinamentos encontramos uma postura ética, um jeito de ser e viver a Palavra como “novas criaturas”, entretanto, o que mais encanta no ensinamento de Jesus é Ele mesmo com seu jeito de agir e dos revela o “rosto paterno e materno” de Deus, o Pai, nos amando e nos acolhendo como filhos no Filho.
E será sempre o agir de Jesus com os seus ensinamentos que iluminam nosso agir, qual lâmpadas a iluminar nossos passos
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Os milagres de Jesus
Jesus prega, ensina e cura.
Jesus é lembrando no meio do povo pelas muitas curas que fez. O povo via em Jesus não uma espécie de “curandeiro”, mas uma presença benfazeja, uma presença profética com poderes curativos (cf. Lc 7,16). Ele é o “dedo de Deus” (cf. Lc 11,20) curando no meio do povo (cf. Mt 8,16-17; 14, 14s), libertando dos demônios (cf. Mt 12, 22-23), limpando da lepra (cf. Lc 17, 11-19), curando epiléticos (cf. Mt 17,14-18), cego de nascença (cf. Jo 9,1-10), ressuscitando mortos (cf. Mc 5, 21-43; Lc 7,11-17), salvando vidas, suscitando a esperança no meio do povo.
Ele era um taumaturgo! A multidão se admirava de sua capacidade terapêutica (cf. Mt 15, 29-31).
Com as mãos (cf. Mc 6, 5), com saliva (cf. Mc 8, 22-25), com a palavra (cf. Jo 5, 2-9), com sua ausência física (cf. Mc 7, 24-30; Mt 8, 5-13) ele curava toda sorte de enfermidade e alienação.
E o qual o sentido das curas que Jesus realizava? Ele mesmo responde: “é que já chegou para vocês, o Reino de Deus” (cf. Lc 11,20). Os milagres realizados por Jesus mostram que Deus está agindo no meio do povo; que o seu reino está no meio do povo.
Em poucas palavras, em que consiste o Reino de Deus? Vida, vida boa para todos (cf. Jo 10,10b). E isso na pratica significa dizer uma atitude pessoal e coletiva quanto a relação com Deus, os irmãos e com a própria natureza. Dizendo de outro modo, o Reino de Deus se faz através da solidariedade, da fraternidade, do amor oblativo, do perdão sincero entre as pessoas, da oração, do respeito à criação. Em uma palavra, o Reino é Shalom. Palavra que usualmente traduzimos por paz, mas que seu conteúdo é muito mais rico e abrangente do que simplesmente “paz”.
Eis, em resumo os milagres de Jesus, seu significado e seu sentido. Eles revelam o amor de Deus e a presença do Reino entre nós.
Mas, se esse é o sentido e significado, porque na época de Jesus muitos foram curados e outros não? Podemos sugerir algumas respostas para nossa reflexão, porém muito superficial.
Na época de Jesus muitos não foram curados porque não tinha fé (cf. Mc 6,6; Mt 8,10) e inclusive Jesus ficou admirado por isso. Porque queriam tudo fácil demais; apenas se libertar da dor, da doença, sem uma conversão e restauração profunda, verdadeira.
Uma segunda resposta, porque naqueles que Deus agiu curando por intermédio de Jesus, atingia não só a pessoa que precisava de cura, mas também muitos outros de seu convívio pessoal que decerto precisava dessa cura para enxergar o poder e amor de Deus e voltar para Ele.
E por fim, uma terceira resposta, porque o Reino de Deus ainda não foi instalado por completo, não foi consumado em sua plenitude. Quando isso acontecer, não haverá mais planto, nem choro, nem dor e a morte será a última a ser vencida. Nesse dia a vitória da vida será total.
E para chegar esse dia, Jesus é o princípio dessa nova Era, e sua atividade terapêutica e taumaturga, evidencia o começo dessa nova realidade.
Jesus fazia milagres, curava a muitos e essa cura era presença do Reino, era presença de Deus agindo, era seu amor misericordioso restaurando vidas, suscitando a fé.
Para aprofundar
1. Qual o sentido dos milagres ou curas que Jesus fazia?
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Introdução
A morte de Jesus na ótica da fé é redentora e salvadora. Olhando pelo contexto histórico foi assassinato e testemunho. Mas, porque Jesus morreu, se nos Atos dos Apóstolos (2, 22s) nos diz que ele viveu fazendo o bem? A quem importaria sua morte? Que forças estariam conspirando sua morte e porque?
A partir da leitura dos textos de Mateus 15,20b-39; João 19,28-42; Atos 2,22-24 tecemos essas linhas de estudo e oração.
A morte de Jesus
Contextualizando
Jesus morreu relativamente jovem, com 33 ou 36 anos de idade. Não morreu de causas naturais e nem de enfermidades. Sua morte foi um martírio (testemunho em grego) pela causa do Reino. Estava convencido de que o Reino estava acontecendo no meio do povo e de que Deus agia, sobretudo através de sua pessoa, de seu modo de agir.
E essa forma de crer, pensar a agir o levou a morte.
As causas contidas nos Evangelhos (blasfêmia, violação do sábado, ser rei, magia) mascaram algo mais profundo e denuncia o sistema político-religioso do seu tempo.
O contexto em que Jesus viveu, tendo os grupos políticos e religiosos que teve, todos com sua ideologia a respeito de como Deus agiria, de como o reino estaria acontecendo, era provável que quem pensasse diferente fosse assassinado.
Jesus incomodou a muita gente da elite da nação. Já estudamos isso antes (procure ver o texto anterior – A perseguição a Jesus), e vimos o resultado.
Jesus morreu não foi porque foi “bonzinho”, mas porque ousou criar uma nova consciência sobre Deus, sobre sua vontade, sobre a situação pela qual o povo se encontrava naquele momento.
Deus estava agindo (tudo bem, ok), mas por meio do próprio Jesus, que era leviano com as tradições religiosas, isso para os religiosos e a elite do seu tempo era demais. Ele blasfema por perdoar pecados (cf. Mc 2,6-7); viola o sábado (cf. Mc 2,23s); expulsa demônios possuído pelo espirito de Beelzebu (cf. Mc 3,20-30); e se achar interprete de Deus como Messias na figura do ‘Filho do Homem’ do livro do profeta Daniel (cf. Mc 14, 60-65; Dn 7,13-16s). Não dava para aceitar. Jesus havia mexido com “interesses” um pouco mais “da fé” e isso não era admissível. E a elite tratou de eliminá-lo. Ocasiões não faltaram, numa delas, ele foi apanhado: a traição.
Preso (cf. Mc 14,43-46) tentaram arrumar testemunhas contra ele, todas falsas (cf. Mc 14,53.55s); e foi julgado sob a acusação de blasfêmia junto ao Sinédrio (cf. Mc 14,63-64); depois levado ao tribunal romano foi condenado (cf. 15, 1. 15). Pois, é melhor que diante das autoridades sobretudo romanas, um só homem morra pela nação (cf. Jo 11,49-50s) do que todo povo. E aí você já sabe do desfecho final: na cruz está escrito o motivo de sua condenação: INRI – Jesus Nazareno Rei dos Judeus (cf. Mc 15,26). Um subterfugio, um motivo que esconde o real motivo de sua morte: Ele era o Messias.
Para aprofundar
Quais os motivos, em resumo, os evangelhos apresentam para a morte de Jesus?
Reza o cântico de Efésios 1,3-10.
Respostas dos catequizandos:


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A ressurreição de Jesus é o ato fundante da fé cristã.
A partir dos textos de Marcos 16, 1-8; Lucas 24,13-35; 1Coríntios 15,1-28.
A ressurreição de Jesus
Contextualizando
A ressurreição de Jesus é um dado de fé. Jesus ressuscitou – essa é a afirmação convicta da fé cristã. Através da ressurreição de Jesus podemos compreender o sentido da vida que Ele é.
Na história humana não há afirmação mais revolucionaria que esta. Nada na história da existência ultrapassa a novidade da ressurreição enquanto mistério de fé e de sentido da vida e reveladora da eterna existência.
Jesus ressuscitado é o modelo do homem e da mulher nova na nova realidade escatológica que está por vir. Eis a fé da Igreja.
E essa fé nos diferencia de qualquer grupo ou sistema religioso existente na história humana. Porque em última análise não se trata de religião, ou na crença de um Deus, ou qual a religião é a mais certa ou verdadeira, mas sim, se trata do destino humano e de tudo criado. Dizendo de outro modo: se trata do sentido último de tudo criado e existente. E esse sentido nos foi revelado pela fé em Jesus de Nazaré. O Cristo, Senhor.
Por isso que a ressurreição mais de que uma “crença” qualquer é um dado de fé.
Não se pode provar a ressurreição porque ela não está no plano histórico e da razão, mas sim no plano dos sentidos e da fé. Sabemos de sua “existência” pelo acontecido com Jesus terreno e que viveu num tempo determinado, no lugar e cultura determinada em nosso planeta. Sabemos da ressurreição pelas testemunhas oculares que viram ao Senhor ressuscitado e pelo testemunho e zelo de muitos que mudaram suas vidas e encontraram sentido em sua existência a partir da pregação de tantas outras testemunhas. Sabemos da ressurreição pelo “movimento” derivado dessa fé que como pequenino “grão de mostarda” modificou visceralmente a História humana do planeta de todos os tempos. Sabemos da ressurreição pela “revelação” do Espírito na vida e na fé do crente, que dá testemunho dessa mesma fé.
A ressurreição não se prova por “olho nú” mas, pela fé que faz enxergar e encarar a vida sob nova ótica.
Assim, Jesus ressuscitado, o Senhor vivo e glorioso, se tornou um divisor de águas na trajetória da existência de tudo criado. E isso foge à compreensão e da índole da ciência e da razão. É fé.
Para aprofundar 🤔🤔
Como você entendeu a ideia da ressurreição e seu significado?

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Catequese do dia 03/05
Jesus ressuscitou, apareceu aos discípulos, dá-lhes instruções, sobe aos céus e, eles se preparam para o próximo evento que há de vir. Assim, partindo dos textos de João 7,37-39; 14, 14-17.24-28 e Atos 2, 1-21, tecemos essa reflexão sobre o Espírito Santo e os inícios da Igreja.
Pentecostes: Recebei o Espirito Santo
Contextualização
Jesus promete o Espirito Santo (cf. Jo 14, 16). O Espirito sempre esteve com Jesus (cf. Lc 4,16) e ele nos dá a nós discípulos seus.
Qual a função do Espirito Santo na vida do crente?
Segundo João evangelista, o Espírito nos recordará tudo o que Jesus fez e ensinou (cf. Jo 16, 12-15); nos revelará o significado pleno da pessoa e da mensagem de Jesus. Nos fará compreender a Verdade. Não a verdade de matérias como filosofia, história, verdades de matérias de humanas ou exatas, mas a verdade enquanto sentido pleno da pessoa humana, da existência em si mesma, e de Deus mesmo, e de Jesus de Nazaré como Senhor vivo e ressuscitado. A verdade que o Espirito nos fará compreender é esse algo mais profundo. E ao fazer isso, o evangelista nos diz que o Espírito expõe assim, o pecado e o julgamento do mundo frente a Verdade-Jesus (cf. Jo 16,8-11).
E mais, renascemos em Cristo, pela água e pelo Espirito, num novo nascimento como falava Jesus no evangelho de João (cf. Jo 3,5-6). É o Espirito que faz novos e novas todas as coisas (cf. Ap 21,5). E são Paulo diz mais: no Espirito somos espirito, vivemos nova realidade moral, material e espiritual (cf. Gal 5) reconhecendo a Deus como Pai (cf. Rm 8,15b). No Espírito somos livres e conduzidos por Ele, vivemos vida nova, vida espiritual. E o Espirito penetra todas as coisas, como nos atesta o livro da Sabedoria (cf. Sb 1,7).
E quem pode receber o Espírito?
Evidentemente, o Espírito preenche e dá consistência a todas a coisas. Ele está presente em tudo e em todos; todavia, o Espírito enquanto Pessoa que nos recorda a pessoa e o ensino de Jesus; que renova nos fazendo renascer de novo segundo a plenitude do novo tempo inaugurado por Jesus, só é dado àqueles que fazem sua profissão de fé em Jesus. Porque receber o Espírito segundo esse parecer e proceder é está aberto ao Novo que há de vir em sua plenitude.
Por isso, que, receber o Espírito constitui antes uma atitude e um dado de fé em Jesus. Não há como ser de outro jeito. E não estamos falando de religião e de tudo que a constitui. Estamos falando de um projeto e sentido de vida que vai mais além, porém, não descarta essas mediações. Receber o Espírito é um ato de fé, e o que Ele nos faz é pura graça de sua parte.
Daí porque, a Igreja a cada ciclo do ano litúrgico comemora, faz memória desse grande acontecimento de fé, testemunho dos crentes para o mundo.
Para aprofundar
O que você sabe sobre o Espírito Santo?
Quais os “dons” do Espírito Santo?
Ler o texto 1Jo 4, 8.16; Rm 5,5; Gl 5,22-23 (Dons e frutos do Espírito)
Respostas dos catequizandos:
Respostas dos catequizandos:
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Introdução - 23/04/2020
Jesus ressuscitou, enviou o Espírito Santo e agora é a hora e a vez das testemunhas. Ao redor dos “ditos” e da “memória” de Jesus sob orientação dos discípulos, com um olhar nas Escrituras do Primeiro Testamento e outro nos Acontecimentos a Igreja vai tomando forma, escutando o que o Espírito diz as comunidades nascentes, vão pregando, evangelizando, catequizando. A partir das leituras dos Atos 2, 42-47; 4, 32-35 e 10, 34-48 teçamos nossa reflexão !
As primeiras comunidades cristãs
Contextualização
Jesus ressuscitado enviou o Espírito Santo e agora é a vez dos discípulos. Ambos se fazem presente na vida deles e da Igreja de outro modo, pela fé. E o trabalho do Reino pelo qual Jesus deu a vida precisa continuar. Era a hora e vez da Igreja sob a orientação do Espírito Santo.
Já ali mesmo após a pregação de Pedro em Pentecostes nasce uma comunidade, a de Jerusalém. Depois a Palavra vai fazendo o seu caminho pelas cidades da Ásia Menor, da África até chegar ao velho continente, a Europa. E no coração do império nasce a Igreja em Roma. Mas isso foram anos afio de pregação, de idas e vindas, de sol a chuva, de esconde-esconde, de testemunho e martírio. A Palavra fez caminho.
No livro dos Atos temos um relato dos primeiros anos da primeira geração cristã. E o que vemos? Vemos uma Igreja viva, testemunha, serviçal, corajosa e destemida. Entre um relato e outro, como podemos ver nas leituras acima, temos alguns elementos da nova vida que viviam: eram assíduos aos ensinamentos dos apóstolos; se reuniam nas casas; frequentavam o templo para as orações coletiva; tinham os bens em comum; partiam o pão da Eucaristia com alegria; eram assíduos na vida de oração; e todo o povo estimava os cristãos pelo seu exemplo de vida e seguimento a Jesus. Assim a Igreja vai crescendo.
O que chamava a atenção das pessoas para a vida cristã?
Uma fé que dava testemunho de Jesus; uma vida marcada pela solidariedade, pela fraternidade, pela irmandade, pela justiça; e uma espiritualidade profunda alimentada pela Oração e pela Palavra relida sobretudo nas Escrituras judaicas (Antigo Testamento) sob novo enfoque e com novo olhar a partir da pessoa e da pratica de Jesus. Inclusive dessa releitura nasce a nova Escritura Segundo Testamento.
Em pequenos grupos sem chamar muito atenção da sociedade, os cristãos davam testemunho de Jesus, aprendiam seus ensinamentos, colocavam em pratica e, isso fazia a diferença. Por isso mesmo eram estimados pelo povo.
Mas, nem tudo foram flores, em muitas comunidades houve conflitos por muitos motivos, entre eles, os “maus costumes” dos novos convertidos; a influência de costumes judaicos e sua interpretação da lei que queriam impor sobre os demais; intrigas pelo poder e status. Os desafios foram muitos, mas não tiraram o brilho do ser cristão e do seguimento a Jesus.
Assim, a Igreja entrou nos séculos afora com a força que o Espírito lhe concedia por meio da Palavra; e hoje, passados dois mil anos, também nós entramos nessa história dando testemunho de Jesus para o nosso tempo, deixando para as gerações futuras a continuidade dessa mesma história.
No decorrer do tempo muita coisa aconteceu, umas boas outras ruins, mas tudo isso não tirou o brilho de ser cristão, de ser Igreja. O Espírito veio e vem desde o começo em socorro da Igreja e a tem guiado, tem nos ajudado naquilo que é essencial.
E assim muitas vezes voltamos às fontes, sob a escuta do Espirito. Foram muitas vezes a volta às origens, volta as fontes primeira para não perdermos o rumo; e o essencial, cujo livro sempre norteou nossa pratica foi e é as Sagradas Escrituras como as temos hoje.
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